quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Árvore Útil [ 21 de setembro, dia da Árvore ]




Vão e voltam viajores.
Sucedem-se os dias ininterruptos.
A árvore útil permanece, à margem do caminho, atendendo, generosamente, aos que passam.
Mergulhando as raízes na terra, protege a fonte próxima, alentando os seres inferiores, que se arrastam no solo. Recolhendo o orvalho celeste, na fronde alta, atende aos pássaros felizes que cortam os céus.
Costuma descansar em seus braços a serpente venenosa. Na folhagem, as aves pacíficas tecem o ninho. A andorinha errante e exausta ganha força nova em seus galhos, enquanto o filhote mirrado ensaia o primeiro vôo.
O viandante repousa à sua sombra. O botânico submete-a a estudos demorados e experiências laboriosas.
A agricultura apossa-se-lhe das sementes.
Pede o doente a substância medicamentosa.
O faminto exige-lhe frutos.
Os jovens arrebatam-lhe as flores.
O podador reclama-lhe o fogo de inverno.
Não raro, seus ramos são conduzidos às câmaras mortuárias, onde chovem as lágrimas de dor ou aos adornos de praças festivas, onde vibram gargalhadas de ironia da multidão.
Em seu tronco respeitável, muitos servos do campo experimentam o gume afiado da foice ao deixar o rebolo.
Na ausência do homem, os animais grosseiros buscam-lhe os benefícios. A lesma percorre-lhe os galhos, o lobo goza-lhe o refúgio.
Seu trabalho, porém, não se circunscreve ao plano visível. Movimentando todas as suas possibilidades, o vegetal precioso esforça-se e respira, para que as criaturas respirem melhor, em atmosfera mais pura.
O mordomo da terra, no entanto, quase nunca vê o serviço integral, não lhe conhece os sacrifícios silenciosos e jamais relaciona a totalidade das dádivas recebidas. Raramente, dá-lhes um punhado de adubo e nunca se informa, respeito à invasão dos vermes para defendê-la, convenientemente. Conhecendo-lhe apenas o concurso econômico, ameaça-a com o machado destruidor, se a colheita dos benefícios tangíveis oferece expressão menos abundante.
A árvore generosa, porém, continua produzindo e alimentando, servindo e espalhando o bem, nada esperando dos homens, mas confiando na garantia eterna de Deus.

*
Médiuns dedicados a Jesus, fixai a árvore útil como símbolo de vossas vidas!... Dilacerados e perseguidos, incompreendidos e humilhados, alimentando vermes e pássaros, auxiliando viajores felizes e infelizes, continuai em vosso ministério sublime de amor não obstante a indiferença do ingrato e o escárnio da foice, convencidos de que enquanto o machado do mundo vos ameaça, sustenta-vos na batalha do bem, o invisível manancial da Providência Divina.
 Emmanuel
Do livro “Coletâneas do Além”. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Renúncia




Meus amigos:

Rendamos graças ao Nosso Pai Celestial, guardando boa-vontade para com os homens, nossos irmãos.

Como de outras vezes, achamo-nos juntos no santuário da prece...

Nossa visita, contudo, não tem outro objetivo senão colaborar na renovação íntima que nos é indispensável, a fim de que não estejamos malbaratando os recursos da fé e os favores do tempo.

Volvendo a vós outros, endereçamos igualmente a nossa mensagem a todos os companheiros que nos escutam fora da carne, órfãos de luz, ao encalço da própria transformação com o Divino Mestre, porque somente em Cristo é possível traçar o verdadeiro caminho da redenção.

Aprendamos a ceder, recolhendo com Jesus a lição da renúncia, como ciência divina da paz.

Constantemente nossa palavra se reporta à caridade e admitimos que caridade seja apenas alijar o supérfluo de valores materiais da nossa vida.

Entretanto, a caridade maior será sempre a da própria renunciação, que saiba ceder de si mesma para que a liberdade, a alegria, a confiança, o otimismo e a fé no próximo não sofram prejuízo de qualquer procedência.

Como exercício incessante de autoburilamento, é imperioso ceder diariamente de nossas opiniões, de nossos pontos de vista, de nossos preconceitos e de nossos hábitos, se pretendemos realmente assimilar com Jesus a nossa reforma no Evangelho.

Toda a Natureza é escola nesse sentido.

Cedendo de si própria, converte-se a madeira bruta em móvel de alto preço.

Abdicando os prazeres da mocidade, o homem e a mulher alcançam do Senhor a graça do lar, em favor dos filhinhos que lhes conduzirão a mensagem de amor e confiança ao futuro.

Consumindo as próprias forças, o Sol mantém a Terra e nos sustenta a vida com seus raios.

Meditai a realidade, principalmente vós outros que já vos desenfaixastes do envoltório físico! Cultivemos a renúncia aos haveres e afetos da retaguarda humana, para que a morte se nos revele por vida imperecível, descortinando-nos nova luz!...

Todos os dias, volta o esplendor solar à experiência do homem, concitando-o a aperfeiçoar-se, por dentro, pelo ouvido de velhos fardos das impressões negativas, que tantas vezes se nos cristalizam na mente, escravizando-nos à ilusão...

E porque vivemos desprevenidos, gastando a esmo as oportunidades de serviço, obtidas no mundo, com o corpo denso, somos colhidos pela transição do túmulo, como pássaros engaiolados do próprio pensamento.

É necessário esquecer para reviver.

É imprescindível o desapego de todas as posses precárias da estação carnal de luta, para que o incêndio das paixões não nos arraste às calamidades do espírito, pelas quais se nos paralisa o anseio de progresso, em seculares reparações!...

Não há libertação da consciência, quando a consciência não se liberta.

Não há cura para as nossas doenças da alma, quando nossa alma não se rende ao impositivo de recuperar a si mesma!...

Saibamos, assim, exercer a doce caridade de compreender as criaturas que nos cercam. Não somente entendê-las, mas também ampará-las pelo desprendimento de nossos desejos, percebendo que o bem do próximo, antes de tudo, é o nosso próprio bem.

Recordemos que as Leis do Senhor se manifestam, em voz gritante, nas trombetas do tempo, conferindo a cada coisa a sua função e a cada espírito o lugar que lhe é próprio.

Desse modo, não nos adiantemos aos Celestes Desígnios, mas aprendamos a ceder, na convicção de que a Justiça é sempre a harmonia perfeita.

Atentos ao culto do sacrifício pessoal sob as normas do Cristo, peçamos a Ele coragem de usar o silêncio e a bondade, a paciência e o perdão incondicional, no trabalho regenerador de nós mesmos, de vez que não podemos dispensar a energia e a firmeza para nos afeiçoarmos a semelhantes virtudes que, em tantas ocasiões, repontam entusiásticas de nossa boca, quando o nosso coração se encontra longe delas.

Irradiemos os recursos do amor, através de quantos nos cruzem a senda, para que a nossa atitude se converta em testemunho do Cristo, distribuindo com os outros consolação e esperança, serenidade e fé.

Imitemos a semente humilde a desfazer-se no solo, aparentemente desamparada, aprendendo com ela a desintegrar as teias pesadas e escuras que nos constringem a individualidade eterna, a fim de que o nosso espírito desabroche no chão sagrado da vida, em novas expressões de entendimento e trabalho.

Para isso, não desdenhemos ceder.

E supliquemos ao Eterno Benfeitor nos ajude a plasmar-Lhe a Doutrina de Luz em nossas próprias vidas, para que a nossa presença, onde quer que estejamos, seja sempre uma fonte de reconforto e esperança, serviço e benevolência, exaltando para aqueles que nos rodeiam o abençoado nome de Nosso Senhor Jesus-Cristo.



pelo Espírito Bezerra de Menezes - Do livro: Instruções Psicofônicas, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos

@PedalGoiano: DIA MUNDIAL SEM CARRO - PARE PENSE E MUDE!

@PedalGoiano: DIA MUNDIAL SEM CARRO - PARE PENSE E MUDE!: DIA MUNDIAL SEM CARRO - PARE PENSE E MUDE! Topa a experiência de 1 dia sem carro? ORGANIZE-SE! DIA MUNDIAL SEM CARRO (22.09) - Inaug...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

16 de Setembro - Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio



Declarado pela ONU (Organização das Nações Unidas) como o dia de Preservação à Camada de Ozônio, o dia 16 de setembro passou a comemorar os avanços contra a degradação ambiental.
Em 1987, aconteceu o Protocolo de Montreal, uma reunião que envolveu cerca de quarenta e seis países, sendo que os mesmos comprometeram-se em diminuir a produção de clorofluorcarbono (CFC), um dos maiores responsáveis pela destruição da camada de ozônio (O3).
Através do Protocolo, indicando quais as substâncias que mais destroem a camada de ozônio, foi feito um trabalho internacional, com o comprometimento dos países participantes, que ficou aberto para novos adeptos e entrou em vigor em primeiro de janeiro de 1989.
Os países participantes se comprometeram em desenvolver pesquisas na área das ciências para descobrir substâncias que destroem o ozônio.
O protocolo passou por algumas revisões nos anos de 1990, 1992, 1995, 1997 e 1999.
Segundo Kofi Annan, Diplomata da Gana e sétimo secretário geral da ONU, vencedor do prêmio Nobel da paz do ano de 2001, “Talvez seja o mais bem sucedido acordo internacional de todos os tempos”.
O gás clorofluorcarbono (CFC) liberado em excesso, causa perfurações na camada de ozônio, fazendo com que os raios ultravioleta atinjam a Terra. O mesmo pode ser encontrado em chips de computadores, em ar-condicionado, embalagens plásticas, sprays em geral, dentre outros.

O homem precisa ter consciência de que poluir o ambiente só trará malefícios para sua própria vida, prejudicando as vidas das gerações futuras.
Algumas atitudes podem contribuir para a preservação dos recursos naturais:
- Economizar energia;
- Adquirir produtos eletrônicos e eletrodomésticos que tragam a inscrição clean, indicação de que não contém clorofluorcarbono (CFC);
- Trocar, se possível, eletrodomésticos muito antigos, pois consomem mais energia elétrica;
- Diminuir o uso de ares-condicionados, utilizando-os somente em casos extremos;
- Não lavar roupas com água quente, pois o consumo de energia é maior;
- Evitar andar de carro particular, mas utilizando-se dos transportes coletivos, bicicleta ou mesmo andando a pé;
- Separar o lixo reciclável do orgânico;
- Juntar o óleo velho, de cozinha, e entregá-lo em postos de coleta, bem como baterias de celulares e outros eletroeletrônicos;
- Usar protetor solar, a fim de não causar problemas em sua própria pele;
- Não se expor ao sol e fazer uso de óculos escuros de qualidade;
- Fazer campanhas de preservação ambiental no seu grupo de contato, diário.


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Viver em paz





Mantém-te em paz.

É provável que os outros te guerreiem gratuitamente, hostilizando-te a maneira de viver; entretanto, podes avançar em teu roteiro, sem guerrear a ninguém.

Para isso, contudo - para que a tranquilidade te banhe o pensamento -, é necessário que a compaixão e a bondade te sigam todos os passos.

Assume contigo mesmo o compromisso de evitar a exasperação.

Junto da serenidade, poderás analisar cada acontecimento e cada pessoa no lugar e na posição que lhes dizem respeito.

Repara, carinhosamente, os que te procuram no caminho...

Todos os que surgem, aflitos ou desesperados, coléricos ou desabridos, trazem chagas ou ilusões. Prisioneiros da vaidade ou da ignorância, não souberam tolerar a luz da verdade e clamam irritadiços... Unge-te de piedade e penetra-lhes os recessos do ser, e identificarás em todos eles crianças espirituais que se sentem ultrajadas ou contundidas.

Uns acusam, outros choram.

Ajuda-os, enquanto podes.

Pacificando-lhes a alma, harmonizarás, ainda mais, a tua vida.

Aprendamos a compreender cada mente em seu problema.

Recorda-te de que a Natureza, sempre divina em seus fundamentos, respeita a lei do equilíbrio e conserva-a sem cessar.

Ainda mesmo quando os homens se mostram desvairados, nos conflitos abertos, a Terra é sempre firme e o Sol fulgura sempre.

Viver de qualquer modo é de todos, mas viver em paz consigo mesmo é serviço de poucos.


                                                                         Paulo (II Coríntios. 13:11)
Emmanuel
Livro: Fonte Viva – Psicografia: Chico Xavier

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Por que é importante se conhecer

Ao tomar consciência de suas forças e de seus pontos fracos, seu processo de decisão se tornará mais objetivo.

Em Delfos, Apolo matou a serpente Píton e a jogou em uma fenda profunda na rocha. Seu corpo, em decomposição, passou a exalar um gás, que se inalado por uma mulher de conduta irretocável, daria a ela o dom de prever o futuro. Com base nessa crença, os gregos construíram um templo de dicado ao deus Apolo, que acabou por se transformar no centro da religiosidade grega por vários séculos. As sacerdotisas - chamadas de pitonisas, em alusão à serpente - profetizavam o futuro de quem estivesse disposto a pagar os honorários do templo. Militares, políticos e homens de negócios estavam entre seus principais consulentes, mas muitos jovens em dúvida sobre suas carreiras também procuravam os conselhos das videntes.

Como acontece com suas congêneres atuais, elas acertavam no atacado. Afinal, previsões do tipo "Você está iniciando uma jornada cheia de perigos, mas, se for persistente e estiver seguindo sua vocação, terá muito êxito" sempre acertam, não é mesmo? Entretanto, deixando a mitologia e a superstição de lado, havia um detalhe no oráculo de Delfos que é digno de respeito. Uma inscrição gravada na parede dizia: "Conhece-te a ti mesmo".

Esse era, na verdade, o grande conselho que o oráculo dava a quem desejava conhecer seu porvir. Recomendação bem moderna, essa dos antigos gregos. Realmente, se quiser saber quem você será no futuro, comece por fazer uma boa análise de quem você é no presente. Há uma profunda e irrevogável conexão entre esses dois tempos da história de nossa vida.

Saber o que se quer, ter consciência de suas forças e de seus pontos fracos, elaborar sua própria tabela de valores, conhecer seus limites e alcances são alguns dos tópicos que, quando conhecidos, facilitam nossas escolhas. Mesmo que para isso você precise de ajuda especializada, não perca a oportunidade de consolidar seu autoconhecimento. Esse é o pressuposto da estratégia baseada em recursos, que define o que melhor a empresa pode fazer com as condições de que dispõe no momento e sinaliza as mudanças necessárias. Interessado em conhecer seu futuro? Então comece pelo possível, lançando um olhar criterioso sobre o seu presente.

Por Eugênio Mussak, escreve sobre liderança e sobre o que está na cabeça do líder, ou deveria estar. É professor do MBA da Fundação Instituto de Administração (FIA) e consultor da Sapiens Sapiens. Revista Você S/A, edição 158 - Agosto 2011.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Nós, os contemporâneos




(...)

Nós somos o sujeito contemporâneo, um guerreiro forte e vulnerável: exposto a mil receitas loucas e modelos insensatos, do acordar até o adormecer. Mas também criativos, generosos, brilhantes.

Somos a geração medicada, que toma remédios para controlar o funcionamento de um organismo que desandou por muitas pressões, ou ao qual muitas vezes se nega seu próprio funcionamento, porque o temos de enquadrar segundo critérios não naturais para aquele indivíduo (...)

Rostos inexpressivos por excesso de intervenções estéticas, torturas físicas na procura de um ideal impossível, e o desejo irreal de uma subtração do tempo. (...) Talvez a gente precise refletir sobre ser mais natural. Pois embora se apregoe uma volta à natureza, também em alimentação e modo de vida, a mim me parece que nos sobra pouco espaço para coisas naturais.

Não acho que a gente deva voltar para a selva, vestir pele de bichos que acabamos de matar para nos defender, ou comer carne crua, não penso que se deva dormir na caverna em torno da fogueira. Mas de vez em quando parar para respirar fundo e analisar se é aquilo mesmo que queremos para nós e nossos filhos até o fim da vida, isso pode valer a pena e produzir alguma coisa, ainda que diminuta, transformação.

Nós, esses contemporâneos, temos ao lado dos líderes bem-intencionados - os que escutam sua gente e buscam atender as suas necessidades - aqueles que visam o interesse próprio, fortuna e poder sempre maiores. Desânimo e desalento se instalam: expressões como cansei, não adianta mesmo, ocupam grande espaço em nosso vocabulário.

Não acho que tudo tenha piorado. Nunca fui saudosista. Prefiro a comunicação imediata pela internet a cartas que levavam meses. Gosto mais de trabalhar no computador do que de usar a velha máquina de escrever (que linha lá seu charme). Nossa qualidade de vida melhorou em muitas coisas, mas - em muitas partes deste mundo - saúde, estradas, moradia, saneamento, universidades e escolas estão cada vez mais deterioradas, e uma parcela vasta da humanidade ainda vive em nível de miséria.

São as contradições inacreditáveis de um sistema onde cosmólogos investigam espaços insuspeitados, a cada dia trazendo revelações intrigantes que remetem a mais pesquisas, mas no qual ainda sofre e morre gente nos corredores de hospitais sobrecarregados, milhões de crianças morrem de fome, outros milhões nunca chegam à escola, ou brincam diante de barracos com barro que não é terra e água, mas água e esgoto.

Enquanto isso existir, seja onde for, somos grandes devedores de toda uma vasta fatia de desvalidos. 

(...)

Nós, homens e mulheres de hoje, temos muito a decifrar nessa nebulosa de desafios que nos envolve. De conflito em conflito, de falha em falha, mas aprendendo que ter esperança é trabalhar por ela. Esse é o nosso principal ofício. (Não o mais fácil.)


Nós, os contemporâneos, por Lya Luft - Trecho retirado do livro "A riqueza do mundo".

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Janela, por favor






É como se eu me visse dentro do texto que se segue, e tenho certeza de que muitos também se identificarão. Aproveitem as janelas da vida!


***




Não sei você, mas eu tenho um fascínio especial por janelas. De ônibus, táxi, avião. A janela do hotel, a janela da casa dos outros. Eu acho que na maior parte das vezes o que a gente vê do mundo está emoldurado por uma janela. Por isso me preocupo bastante em estar perto delas. Lugar no avião? Janela, por favor. Quarto de hotel? Com vista, por gentileza. Já passei uma noite em claro só para ver o sol nascer de dentro do quarto de um hotel, quentinha, enquanto nevava lá fora. Do janelão inteiro de vidro, a vista para o lago, uns gansos, uma cordilheira nevada no horizonte. Foi uma sensação especial. Outra é chegar a um hotel à noite e, assim que amanhece, sair correndo, como uma criança na manhã de Natal, para ver o que aquela janela tem a dizer daquela cidade - outras janelas, uma torre de igreja, um lago tranquilo com flores de lótus boiando, um parque e sua doce rotina, uma praia chamando para entrar no mar.

Quantas vezes adormeci com a cabeça apoiada no vidro do ônibus por querer engolir a paisagem que pairava ou passava, sem esforço, pelo lado de fora. (E quantas outras acordei sobressaltada depois de uma topada numa curva.) Em trens essa experiência de olhar através da janela é especialmente prazerosa. Em cafés, idem. Muitas vezes a gente só repara que o lugar é lindo porque está sentada justamente fora dele, ou dentro de um café, olhando para fora. Fora e dentro, aliás, se confundem, como acabo de provocar na frase anterior.

Para muitas pessoas o mundo fica mais maravilhoso ainda quando visto de outra janela: o visor ou a telinha da câmera fotográfica. Conheço gente que só aproveita suas viagens assim, em imagens recortadas. Aliás, nesse mesmo raciocínio, toda foto pode ser compreendida como uma... janela.

Por Gabriela Aguerre, diretora de redação da revista Viagem e Turismo, edição Agosto 2011.